terça-feira, 27 de março de 2012

Maternidade

Dizem que com a maternidade deixamos de nos sentir sós...mas não é verdade...
Nos últimos dias tenho-me esforçado por voltar a ser "eu". A pouco e pouco vou recuperando a energia que encobre um ou outro pensamento mais escuro, uma réstia de medo e ansiedade que julgo agora me acompanharão para sempre....
Jantares criativos fora do formato habitual pré congelado, moussaka e guisados, arroz de marisco e bacalhau à brás,  máquinas de roupa sempre a tempo de a D. Manuela passar à 5ª feira, roupa nas cruzetas e a do Lourenço lavada, sacos para a minha mãe com  roupa, creme solar, brinquedos todos os dias, o meu almoço na lancheira, listas de compras....e compras propriamente ditas.."Há fraldas? Preciso de fraldas, e toalhitas e iogurtes e pão que o congelador está cheio e o frigórífico vazio....De manhã, mudar o Lourenço, vestir-lhe um casaco, pôr no ovo e depois dentro do berço a brincar enquanto o pai não acorda....pequeno almoço para o maridão em jeito de pequeno aconchego, vestir-me, pintar-me e seguir....
Tenho sido mãe e mulher, e trabalhadora, uma mãe trabalhadora, uma mulher trabalhadora, convencida que é isto é a maternidade e que no meio do processo há recompensas maiores....um sorriso? Podia ser só um sorriso, um sorriso ao chegar a casa do baby....
E quando esse sorriso não vem? Como acalentar os dias e dar-lhe um rumo, uma razão de ser....o que fazer quando sentimos que gerámos, aconhegámos, aninhámos, alimentámos, cuidámos?....e um dia caímos sem querer e no meio do processo de espera ou repouso perdemos tudo....os sorrisos, as cumplicidades, o elo que julgámos egoísticamente ser só nosso, mãe e filho....quando ele berra no nosso colo e esperneia para sair o que fazer?
Tento agora novamente os banhos e os aconhegos nocturnos numa tentativa desesperada de recuperar o Lourenço....
Dizem que com a maternidade deixamos de nos sentir sós....mas não é verdade....

quinta-feira, 22 de março de 2012

Zona de Conforto....

We're creatures of comfort and we find our patterns, and stick to what we know best. but theres a big, wide, and beautiful world out there and for those who want it, well thats out there!






Cresce a vontade de ser livre e partir....
de sentir a brisa fresca afagar a face, 
Cresce a vontade de olhar à volta com olhos de ver...
de sentir...
Cresce a vontade de ver um céu estrelado...
de ver as ondas a bater furiosamente nas rochas....
Cresce a vontade de correr prados e montes...
de perder meia hora a ouvir o chirlear....
Cresce a vontade de seguir sem destino...
Cresce a vontade de ser livre e partir...


Mafalda V.


Quando é que um dia deixa de ser um dia?!

Where all the good people go?


E agora estou bem....depois de uma tentativa frustrada de "engolir o sapo", agora que o deitei cá para fora sinto-me outra...
Até tenho fome, deixei de transpirar, saiu-me o bolo do estômago, sinto a adrenalina a quebrar...
Qual a distância que separa o ser "bonzinho" (leia-se parvo) e e o inquisidor? Descobri hoje que afinal há em mim um pouco de exterminador implacável, descobri que quando o copo transborda ganho uma racionalidade e capacidade argumentativa acima da média para mostrar e fazer valer o meu ponto de vista...
E pronto, com isto e com o sapo cá fora, até vejo o dia e a semana com melhores olhos, ainda que me questione porque continuo com a mania de achar que todos temos um lado bom, quando cada vez mais percebo que é contrário do que pensava.....a natureza do ser humano na sua génese é má, nós é que temos com valores (ou ausência deles) transformarmo-nos enquanto pessoas....boas ou más.
Tenho pena de só ter percebido isso agora, tinha poupado uns quantos milhares de euros no meu casamento....deixei tanta gente má fazer parte dele....enfim, nada fazer!
Ser boazinha sim.....agora parva durante mais tempo é que não!!!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Mundial da Poesia...Sê simplesmente

Nada nem nenhum poema me pareceria mais adequado para hoje...





Se não puderes ser um pinheiro no topo de uma colina, 
Sê um arbusto no vale mas sê
o melhor arbusto à margem do regato
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
e dá alegria a algum caminho...


Se não puderes ser uma estrada
sê apenas uma senda, 
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso....
Mas sê o melhor no que quer que sejas


Pablo Neruda
Pa

Work and Life Balance

como conseguir? Como evitar que a balança tombe inevitavelmente para um dos lados? Como evitar sentirmos que estamos a perder a carruagem...qualquer que seja o nosso esforço para um desses lados....
Regressei ao trabalho, e pensei que fosse mais fácil, quer dizer continuo dedicada, comprometida, a tentar por todas as vias automotivar-me, a olhar em frente e para os lados à procura de aprender algo de novo, a criar desafios, mas eles tardam em aparecer....
Já não vejo a cenoura, a cenoura para a qual corri sempre desde que aqui cheguei....e por isso não sei para onde corra, não sei a quem mostrar trabalho, se a mim se aos outros, não sei como recuperar de uma ausência que ao contrário do que diziam só me criou fragilidades....
Continuo perfeccionista, mas já não o consigo ser...sinto-me como a máquina nova que chegou à fábrica e que deslumbrou, que superou expectativas que nem a própria máquina tinha.....sinto-me como a máquina que passados uns anos de trabalho, muito trabalho sem parar, com toda a dedicação do mundo avariou, e ainda que reparada já não é a máquina nova....é "a" máquina que era mas já não é.....que não entende o seu lugar e por isso no seu ram ram anda mais devagar, mais compenetrada para si mesma, ainda altruísta, ainda emocionalmente ligada, mas já (muito) desiludida....
e depois o outro lado, o das perdas pessoais, o de não ver o baby a gatinhar, de chegar e ele não sorrir, de o querer agarrar contra o meu peito e ele espernear para sair, o de não o ter visto sentar sózinho....
sinto a minha balança avariada, e na tentativa frustrada de a equilibrar não sei para que lado a deva pender ainda que a escolha pareça fácil implica desligar-me de tudo o que sempre fui, de tudo o sempre quis ser, da minha ambição, da minha vontade de dar dar dar sem falhas e reprimendas...da minha vontade de sucesso...
Eu queria tudo....e agora não tenho nada....duas horas de baby, e oito de nada....
oito de nada num open space cheio onde há um ano me sentia forte, confiante, reconhecida, eficiente....sinto-me agora desamparada, fragilizada, despromovida....e eu que dei sempre, quedefendi sempre, que ajudei sempre, que enchi sempre o peito para enfrentar as dificuldades, para ser justa, sinto-me agora tão somente só...

segunda-feira, 19 de março de 2012

Pai

Porque uma imagem por vezes vale mais que mil palavras....porque assim é o meu pai, doce, sensível, preocupado....presente, altruísta...
Um pai que ainda me dá a mão quando atravesso a estrada, que me faz sinais quando saio com o carro, que me telefona sempre que ouve uma ambulância, que me repreende quando me debruço numa varanda, que me liga a perguntar se dormi bem, que é extremoso em toda a sua essência.
E por ser Homem, por ser pilar, por estar sempre em socorro de todos, por darmos sempre o pai como garantido, sinto que nunca lhe disseram como é importante ou como gostamos tanto dele...
O meu pai não sabe, mas preocupo-me tanto com ele que sou chata quando tem que fazer exames médicos, sou chata quando insisto em que aproveite a vida, sou chata quando digo que não se preocupe tanto conosco e com os outros....sou chata quando alteram os planos de uma pequena escapadinha já de si rara para ficar conosco...
O meu pai não sabe que à noite lhe envio sempre em segredo um beijo de boas noites esperando que chegue até ele, o aconhegue, que rezo todas as noites para que o protejam e guardem..que fico feliz por ainda ser "menina" aos olhos dele, não sabe que sinto no abraço que procuro tantas vezes uma segurança que mais ninguém me dá...
 Todos os dias são dia do Pai, mas hoje e por todos os anos em que não disse,  Pai tu és muito especial!!!
Adoro-te daqui ao Universo!!!!

domingo, 18 de março de 2012

Domingo...


Dose de Felicidade

Acordei a pensar em qual será a dose de felicidade que nos está destinada?
Crescemos com ameaças ao nosso comportamento - " Se não lavares os dentes, eles (os dentes) caem", Se não te portares bem, o Pai Natal não te dá presentes", Se não tiveres boas notas vais ser cabeleireira (sem qualquer desprestígio à profissão)....e assim seguimos pela vida, recheados e bem recheados destas notas "acção - consequência", que nos enclausuram e nos tornam pessoas que não desejámos ser...
Porque somos hoje Homens e Mulheres, porque ainda que fosse à missa em criança, tinha sempre ataques de riso embaraçadores que mereciam um olhar mais crítico por parte de um membro mais ferveroso da comunidade, porque ainda que me lembre dar sempre moedas da minha mesada aos pedintes, era incapaz de jantar tudo à noite, não evitando que parte desse jantar fosse inevitavelmente para o lixo, porque por vezes gastava o dinheiro da esmola da missa em pastilhas elásticas gorila que comprava no bar da catequese, porque também gozei com colegas na escola, apenas para me sentir mais importante ou popular, mesmo sentindo-me mal com a minha própria atitude que tentei em dada altura remediar,  porque também menti, ainda que na maioria das vezes fossem mentiras piedosas, porque também pequei, tantas vezes por "pensamentos, actos e omissões"....questiono-me agora, já adulta no contexto de quem sou, humana e não perfeita, qual será a minha dose de felicidade?
Há uns anos atrás fiz reiki, num episódio curioso da minha vida, em que alguém me descobriu um lado espiritual que sempre soube que tinha mas que pouco alimentei....disseram-me que tinha uma energia especial, falaram-me em crianças indigo e em como eu deveria ler sobre isso pois iria sentir afinidade....a verdade é que mesmo céptica na primeira sessão de reiki, fiz uma regressão natural...mais precisamente a 1984, (vim a saber depois confirmando com a minha mãe os dados das imagens que me ocuparam a mente naquele momento). Durante a sessão pediram-me para pensar em momentos felizes, e sem que eu pudesse lutar contra vi-me de vestidinho azul com gola branca, lourinha com uma trancinha ao lado que pacientementea minha mãe me fazia quase todos os dias, sandalias fechadas azuis escuras de fivela, e umas meias brancas com um pequeno rendilhado. Com uma precisão que até a mim me assustou estava sozinha nessa imagem, na floresta onde passeávamos todos os fins de semana junto ao campo de futebol, quase em frente a nossa casa e onde eu eu o meu irmão tinhamos uma pedra secreta, no meio dos espigos que se erguiam um pouco acima da nossa altura e onde ficávamos os dois fugidos a inventar histórias fantásticas, e onde ninguém nos via....
Este é o meu momento feliz, a minha infância.....soube mais tarde pela minha mãe que essa imagem era do dia dos meus 5 anos, o dia do meu aniversário....e fiquei a pensar o que teria marcado aquele dia para que o recordasse como feliz mas só me ocorresse aquele momento, aquela imagem....
Talvez por isso quando a vida me engana, me desilude, me dá tristezas, me dá dúvida caminhe sem olhar para mais nada para o passado, e aí me refugio até a angústia passar, lembrando aquela menina loura aparentemente fragil com os seus abrigos, esconderijos, com um pai e uma mãe extremosos duas âncoras de uma segurança que ainda hoje procuro..
...e talvez seja por isso que me custe tanto olhar para o futuro, pela imprevisibilidade e desconhecimento que ele representa...pela dúvida que subsiste quando penso na felicidade, nos momentos que vivi, no presente ou passado recente e sinto o receio natural de alguém como eu para quem a felicidade é ter acima de tudo momentos de partilha com os pilares que fazem parte da minha vida, sinto receio de que se algum desses pilares me falhar eu possa não conseguir sair mais dessa imagem do passado e aí fique na ilusão de que ali tenho tudo, tenho todos, não me falta ninguém e sou feliz...




quinta-feira, 15 de março de 2012

No lo creo en brujas...

pero que las hay, las hay!

Depois de um mês sem perceber que parte do tratamento era resolver a minha "transparência" e o facto de ingenuamente ser um livro aberto para tudo e para todos, percebi o que é a exposição, percebi o poder de algo tão ingénuo como este blog ou outro qualquer pode ter e a velocidade a que a informação nele contida pode propagar-se em outras redes sociais, virtuais, e reais....
Percebo-o pela afinidade que tenho com os blogues que espreito e de quem não conheço a cara por detrás do écran do pc...
...e com isso percebi o que me têm dito tantas e tantas e outras vezes durante este mês: " Não te exponhas tanto"!!! E com este sábio conselho falaram-me em invejas e estremeci. É dos piores sentimentos, a par da ganância, do egoísmo, da prepotência, da injustiça....Inveja é uma palavra de que não gosto particularmente, porque me lembra desconfiança, e para mim, ingénua por natureza é-me extremamente difícil não partilhar, não confiar, não acreditar que mesmo sabendo que todos temos um lado bom e mau, alguém há-de conscientemente preferir alimentar esse lado mau...
E quando me falaram em invejas falaram-me de mim, e estremeci ainda mais....
Depois, a pouco e pouco começei a desenrolar o novelo destes últimos meses imediatamente a seguir ao nascimento do Lourenço e em como a minha vida se alterou de um extremo máximo, para o fundo do poço....como passei da luz para a escuridão, e como essa escuridão me pareceu tão dura  tão longa de ultrapassar....lembrei-me de seguida que melhorei quando me isolei novamente, quando cortei contacto com o Mundo, como que imune a todas as energias (boas ou más) que alguém pudesse ter sobre mim....
E depois de pensar nisto tudo senti-me profundamente triste, por perceber que poderá haver um potencial alguém que de forma deliberada ou não me quer mal...e seguindo o conselho de quem sabiamente mo deu, recolho novamente a escrita para mim, os meus pensamentos para mim, e encerro este curto capítulo de história(s) que aqui pus de mim...

porque a verdade é que não acredito em bruxas, mas que as há há!!!!

terça-feira, 13 de março de 2012

k.o


...até para escrever. Foi um dia longo, com sentimentos vários, uns melhores do que os outros, com choro e alguma desilusão, mas que terminou com uma grande surpresa...Obrigada minha querida Inês por tudo o que me tens ensinado, pela tua genialidade, pela tua bondade, pela tua transparência, pela tua coragem em viveres a vida como uma verdadeira aventura....e acima de tudo Obrigada por tão longe estares atenta e não te esqueceres de mim...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Uma inspiração e um motivo....

...para voltar a ser adolescente por um dia e ir a um Festival....e uma razão para repetir um dos slogans mais felizes do Sudoeste "Vens ver ou vens viver?!?"
Não sei se conta como um passo ou um projecto mas quero responder: Ambos!!!


Fica a amostra....

Faca de 2 gumes

Para onde foi a motivação, a garra, a alegria, a vontade de ser perfeita? Para onde foi a vontade de "trabalhar", ter sucesso, ser reconhecida? Que estado é este de recolha a que me confinei?
Os dias passam agora lentamente, com tempo para tudo, e ainda assim nesta ansiedade que deu lugar à tristeza só me apetece dormir....dormir, dormir, dormir como quem espera acordar de um sonho mau com a cura de um sono reparador...
E nesses dias que passam agora lentamente, vejo o Lourenço ao longe, cada vez mais longe, com menos colo (meu), com menos atenção (minha), com menos sorrisos (para mim)....e doí, dói tanto que nem consigo parafrasear....e ao invés de reagir, recolho-me mais deixando-o entregue a melhores cuidados, a melhores colos, a melhores estímulos, enquanto penso egoisticamente que se ficar bem consigo recuperar isso tudo...esquecendo-me por laivos momentos que o tempo cura tudo mas não devolve nada...e o que passou com o baby passou, eu já perdi...
é uma faca de dois gumes, ambos afiados, ambos dilaceradores, ambos cortantes...

É tempo de reagir, de começar de novo....de (re)por a minha expressão facial aberta, sorridente, confiante ainda que em jeito de máscara, expressão essa a que habituei tudo e todos e seguir caminho...
Amanhã é recomeço, amanhã é um novo dia...

domingo, 11 de março de 2012

BUG

é um erro no funcionamento comum de um software, também chamado de falha na lógica programacional de um programa de computador, e pode causar discrepâncias no objetivo, ou impossibilidade de realização, de uma ação na utilização de um programa de computador ou apenas uma trava no sistema.
Defeitos podem causar falhas de segurança, principalmente em programas que tem alguma forma de conexão à Internet, como é o caso de navegadores (browsers) e clientes de e-mail, pois crackers podem se aproveitar dessas brechas para terem acesso a informações e arquivos contidos no computador infectado. Defeitos são comuns em programas em desenvolvimento, mas, quando descobertos, estes são consertados por seu programador ou equipe de desenvolvimento.

Estou com um BUG desde Novembro....e o BUG nunca mais se vai embora....

sexta-feira, 9 de março de 2012

On this lovely day


Porque há dias que têm uma banda sonora especial...hoje lembrei-me de um dos filmes que marcou a minha infância. A vida de São Francisco de Assis...


Birds are singing sweet and low
From the trees that gently grow,
Soft and soothing breezes blow
On this lovely day.

To the meadows there go I
To wander as the butterfly
How the flowers please me eyes
On this lovely day.

I wish it could be always
Life is easy on such a day
I wish this peace on everyone
On this lovely day,

On this lovely day.
I wish this peace on everyone
On this lovely day...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Para fechar...

Nunca falo no maridão, talvez numa tentativa de lhe reservar a privacidade que eu abdico para mim quando escrevo...
Um marido presente e extraordinário, que me surpreende e ajuda, que não cobra, nem fala...simplesmente está ali...sempre do meu lado procurando entender, procurando ajudar sem nunca se queixar. Que me elogia e diz que me adora, mesmo assim e agora em que me sinto a 20% daquilo que sei que posso ser...e ultimamente não me sai da cabeça presenteá-lo....a ele, a nós. A paternidade muda-nos, certamente para melhor, mas se isoladamente já tivemos oportunidade de nos debruçar sobre o tema, não nos conhecemos ainda como tal, não somos o mesmo casal de antes, e no meio da loucura, do turbilhão e da azáfama que tem sido a nossa (nova) vida com o baby ainda não nos sentámos os dois a perceber o que mudou num e noutro, a projectar e falar do presente e do futuro...e é preciso, sinto até necessário derrubar este silêncio que ficou com o meu quebrar...
...termino o dia à procura de algo mágico...
e como ainda vou acreditando no destino e como sei que nada é por acaso, descubro este sítio lindíssimo que me apresso a reservar...
Vou dormir com um (grande) sorriso nos lábios...





Chega de Saudade...

Sempre senti saudade sem nunca a entender... Sempre tive saudades do Verão, das férias, do sol, da praia, do Natal....mas como uma criança pequena que só quer ser feliz na liberdade que esses momentos (normalmente de lazer) proporcionam...
Fui mãe há 6 meses e encontrei-me novamente com a "Saudade". Desta vez uma "Saudade" compreendida, que me angustia, que me faz pensar a sério nas coisas. 
Percebi o que é pensar "nos tempos que não voltam" porque de facto não voltam....percebi o que é aproveitar cada momento como se ele não acontecesse jamais, e desde então sinto uma saudade inexplicável...saudades de ser menina, saudades da escola, das brincadeiras com os meus pais, saudades de brincar na rua, saudades de saber da turma do cantinho que se separou em 89.... saudades de quem sente o tempo a voar com uma rapidez incontornável, que assusta e dá medo....saudades dos Domingos outrora tão criticados com os almoços de família que duravam a tarde inteira, saudades de estudar, da faculdade, saudades de pensar no futuro sem o recear...saudades de atravessar a rua de mão dada com o meu pai, saudades de adormecer ao colo da minha mãe e me enfiar sorrateiramente na cama deles, saudades de conversar com a minha irmã à noite no quarto, saudades de andar de barco com o Gonçalo no Portinho da Arrábida com o pai sempre preocupado a segurar a corda, saudades de apanhar peixinhos nas poças, saudades de bater as panelas no fim de ano, das sandes de queijo generosas da minha avó...saudades de ter um futuro inteiro à minha frente, sentir ter tempo para tudo e muito mais...
Tenho saudades, tantas tantas tantas saudades....que já chega de saudades!!!!!

Dia da Mulher



quarta-feira, 7 de março de 2012

O regresso...finalmente

Diria quem me conhece (mais ou menos bem) que sou uma pessoa despistada, aluada, cheia de paixões fulminantes....e como tal que depressa passam, de projectos, de sonhos, mas pouco dada a concretizações.
Já eu diria que durante muito tempo me considerei uma uma pessoa apaixonada pelas coisas simples, que nos fazem sentir bem, que nos valorizam e nos fazem sentir úteis....que fui durante anos uma daquelas pessoas que vivia com a ilusão de que iria mudar o mundo, que imaginava a vida "dos grandes" como se ainda tivesse muito que caminhar para lá chegar....e imaginava essa vida como simples e banal ao estilo "hollywodesco" com um amor e uma cabana...em sentido literal.


 Há pouco mais de 3/4 anos acreditava piamente que ganharia até aos 40 anos todos os €€€ necessários a investir num terreno algures nos Açores ou na Costa Alentejana.
Acreditava nas vidas mudadas de tantos casais que alinhados com o movimento slow movement (felicidade acima da eficiência económica) trocavam carreiras auspiciosas por uma casa no campo, dois cães, uns pares de filhos e muitas fotografias felizes em cima da lareira...
....isto até perceber que este idílico cenário não passava de uma ilusão da minha cabeça, um sonho infantil jamais concretizável...

...como tantos projectos que já iniciei e imediatamente abandonei, este o maior de todos merecia de mim uma coragem e um empenho que perdi com o passar dos anos....merecia "um acreditar maior", um acreditar que a minha auto-estima não permite ver como concretizável.
Precisava de apoio e de partilha para ganhar a coragem de deixar esta vida que metade do mundo daria para ter mas que não encaixa em mim...

Talvez tenha sido nesse momento, nesse preciso momento em que realizei tratar-se de mais um "fútil sonho" que o meu rosto se apagou e me resignei à rotina, que acatei a responsabilidade, que aceitei  viver com a certeza e conformação que na vida não vale só gostar....
Talvez tenha sido nesse momento que me esqueci de mim e passei a viver a vida em modo automático, com sonhos que não os meus, mas o da maioria dos que me rodeiam...
Tenho isso tudo....e de que vale? Embrenhei-me numa tristeza sem descrição da qual só agora estou a libertar-me...
Agora que recomeço a ver com a mesma clareza de antigamente, que bati no fundo e que renasço todos os dias, voltei a sonhar e acreditar como António Gedeão na sua Pedra Filosofal que é o sonho que comanda a vida e que é quando o Homem sonha o mundo pula e avança....
A ânsia de mudança que hoje sinto é muita, mas sinto também uma força e um optimismo como há muito não sentia...
e lentamente, bem lentamente, vou dando uns passinhos bem pequeninos para que essa mudança aconteça...com objectivos "SMART" e cujo propósito é únicamente o meu bem estar...


Hoje regressei ao Yoga! Check list? Check!!!!










terça-feira, 6 de março de 2012

Mais Férias?!?

Bem sei que para os leigos (nos quais eu me incluia há uns meses) 4 meses de licença dava para suspender as férias durante para aí 4 anos...
Passados esses 4 meses, uma tentativa falhada de regressar ao trabalho por pura exaustão e uma vinda para casa forçada nada me soaria tão bem neste momento que umas férias...
...de preferência longe, muito longe, sem telemóveis, televisões e interferências, sem responsabilidades, medos ou preocupações...
Só precisava de uma cama,fruta e água muitas massagens, e o maridão...que qualquer dia nem nos (re)conhecemos... (desculpe-me o baby que ainda acorda numa noite boa 4 vezes e os meus pais que teriam que ficar com ele...)

E é assim este meu simples desejo a forçar um sonho bom para esta noite....podia ser aqui:

                                          Hotel Four Seasons, Maui, Hawai, Yoga Retreat

mas como até me contento com pouco, já seria feliz aqui bem perto em Karuna, Monchique, no nosso Portugal...

(a minha) Bofetada de Luva Branca

Há sempre histórias mais tristes que as nossas....há sempre problemas maiores que nos fazem pensar que a nossa vida é grande, boa, positiva e cheia de motivos para celebrar. Recebo frequentemente algumas "chapadas" daquelas que servem para me retirar do estado de dormência em que muitas vezes fico perante a dificuldade...
Ouço conselhos sábios, relatos, mas muitas vezes quando esses relatos estão longe do nosso quintal custa-nos ou é-nos mais difícil inteirar a mensagem...
Quantos de nós não nos questionamos do futuro de fulano "A", "B" ou "C", figuras mais que presentes da nossa infância. Na maior parte das vezes constatamos que mais divórcio, menos divórcio, mais filhos, menos filhos, mais sucesso menos sucesso a vida flui com a sua aparente normalidade em quase todos nós....e ainda assim nos queixamos.
Noutras, constatamos que a vida é madrasta, que é dura e que aquele amigo, outrora alegre, empenhado com o futuro se sente traído e limita-se a viver a vida em jeito amorfo, apatia advinda do que lhe foi retirado...

Percebemos essa mágoa no encontro, no olhar que se afasta para não falar mais, na solidão, na rotina dia após dia, igual, inalterável, na música triste tantas vezes banda sonora desse estado de pura infelicidade.
Nesses momentos que agora testemunho, sinto uma profunda compaixão, uma profunda cumplicidade e um desejar que o futuro sorria, retirando a mim mesma um pouco da felicidade que me possa estar reservada em prol de um sorriso nesta face outrora aberta e que hoje e fechada e trancada e amargurada...
Em jeito de auto penitência critico-me e obrigo-me a agradecer o que tenho, a não me lamentar, a viver o presente, a escrever mil vezes no meu quadro mental...que o que interessa é o agora, e agora, neste momento eu tenho tudo e este alguém tão próximo não tem nada...

Preparativos...

...para o dia do Pai.

Porque só falamos nas "mães"e esquecemo-nos dos pais com "P" grande...que são o porto de abrigo das mães, bombeiros de serviço dos filhos, que são a segurança da família, os companheiros de brincadeiras....

O "bom" discípulo

Quando o Lourenço nasceu e até antes via-o já como um bébé abençoado...Julgo ser uma pessoa altruísta e como sempre e depois da surpresa não pensei só no bem que este bébé nos iria fazer a nós como casal. Lembro-me de justificar a toda a gente que tinha sido DEUS a colocar este bébé no nosso caminho...

A pouco e pouco e com a barriga a dar sinais de vida, pensava serenamente e em segredo que este era um bébé para todos....um bébé para encher novamente a vida dos meus pais agora que a casa "estava vazia", um bébé para alegrar a vida dos meus sogros, um bébé para os meus irmãos ambos com um jeito nato para crianças, para a minha cunhada, um bébé para a minha tia ser tia avó.  Para a minha avó ser bi-vó...
Secretamente "partilhei" o Lourenço com todos aqueles que pensei que veriam neste bébé um novo ânimo...No fundo vi o Lourenço como um presente, uma dádiva...não só minha mas nossa para todos...

Mesmo antes de nascer já sabia que este seria um bébé especial....

Ontem cheguei a casa dos meus pais e ele dormia serenamente ao colo da minha mãe. Como banda sonora soava o "Al Di La" de Emilio Pericoli a que se seguiram outros êxitos italianos dos anos 60.
Só dorme assim....com música, com este género de música que apela a algo superior e transcendente....a minha mãe faz questão de o iniciar desde sempre e ele como "bom discípulo" vai acatando as escolhas como suas.

Questionada tantas vezes sobre a sensibilidade deste bébé que inevitavelmente aos meus olhos de mãe é especial, é inteligente, é precoce, é meigo, é lindo, respondo com a definição de Al Di La do Troy Donahue no filme "Rome Adventure" e digo....que é difícil de explicar, é fora deste mundo, é como se o amor todo junto que sentimos pelo Lourenço o coloque nesse patamar superior tão difícil de alcançar...e faça com que ele tenha a capacidade de emanar esse mesmo amor e sensibilidade a todos nós...

É sem dúvida um bébé especial...

segunda-feira, 5 de março de 2012

A história repete-se...

Dormi pouco ou dormi mal, já nem sei bem. Sei que acordei novamente com um bolo tamanho XL no estômago e só descansei quando atirei um ansiolítico para dentro, descansada também por ter o ito à minha espera em baixo na porta para me levar dali para fora.
Demorei nem 5 minutos a arranjar-me e desci as escadas a correr agarrando-me sofregamente ao seu pescoço para um beijo de Bons Dias.
Demos umas voltas, distrai-me, mas hoje infelizmente sinto a "história a repetir-se..."

domingo, 4 de março de 2012

Um dia (fim de semana) em Cheio...

Adoro estes fins de semana em que mesmo sem nada de mais para contar sentimos como cheios.

Inevitavelmente o baby marca os nossos dias, é ele quem marca o passo, quem dita as regras, quem nos acorda e nos deita e nos diz qual a hora da sesta ou da papinha, Nestes dias ainda é o Lourenço que gere a nossa vida e não nós que o rotinamos.

Assim foi um fim de semana madrugador, um fim de semana que começou ora às 6:30 ora às 7:15 respectivamente. Sábado meia tristonha lá contrariei o facto de ter que faltar ao Festival Zen que tanto tinha promovido e que tão bem achava que me iria fazer...marido doente, mãe e bébé em recuperação.

Nada a fazer...Fazendo por me sentir útil, promovi o descanso do maridão...

O comprimido da noite apaga-me por umas horas e por mais promessas que faça o intercomunicador só começa a existir a partir das 5h30 da manhã...até lá é o marido que dá conta do recado..

Por isso em jeito de mea culpa saímos de casa e andámos a passear os dois!

Domingo 6:30! O Lourenço não quis dormir e rumámos ao sofá da sala. Enrosquei-o contra o meu peito como se lhe dissesse que ainda não eram horas e que tinha que dormir mais um pouco....obedeceu! Eu sorri e apertei-o mais conforme ele se ajeitava já a dormir....soninho de pardal, pouco passavam das 7 quando dando o ar da sua graça resolveu acordar. Tão bem disposto que foi impossível contrariar....deixámo-nos estar até apetecer a ver os desenhos animados...eu feliz com a possibilidade de ser criança outra vez, ele vidrado nas cores e nos sons da tv...

Depois dos passeios e do lanche mensal em casa das amigas, do jantar de família, hoje ficou nos avós. Dormia o sono dos justos quando saímos, e embora saiba bem este sono reparador de vez em quando a verdade é que sinto falta dos seus pequenos barulhinhos e a casa parece sempre mais vazia.

Com o sono a caminho, apago a luz e só penso que Dia em Cheio....lembram-se?!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Màmàn


Nunca me esqueço que antes de ser mãe sou filha...e nada me tem sabido melhor que o colinho da mãmã que era tão bom há 30 anos e que ainda me sabe melhor agora.
Recordo tudo emocionada nestes dias, para não esquecer nada, as rotinas, as brincadeiras, os cheiros, as músicas que ouvíamos as duas e os cinco...e deixo-me estar neste colinho tão bom. Quero ser "a minha mãe para o Lourenço", para que ele se possa sentir tão especial como eu me senti todos estes anos....diferente dos demais, com mais informação, com mais curiosidade, com mais asas para voar...

Agarro-me nestes dias às pernas da minha mãe com a mesma timidez e ingenuidade que um bébé de 2 anos que teima em não querer largar a sua mãe...

Eu há dias em que quero ser só filha, só quero ser a filha da minha mãe...e hoje é o dia!!!

Adoro-te daqui ao Universo!!!!!

Gym

Finalmente foi o Filipe quem abordou o tema....estamos oficialmente deformados. Eu com desculpa que fui mãe há 6 meses....ele...já nem tanto! E assim chegámos a um consenso. Vamos nadar!!!

Grazie di Tutti


Lucio Dalla fa parte dei ricordi della mia gioventu

Descentralizar


O baby hoje está com febre!!! Em sensação agridoce, devo confessar que há uma alegria em mim escondida por ter conseguido chegar aos 6 meses sem uma ponta de febre. O nosso ego maternal precisa disto, dos aplausos, quando nós que aos olhos dos outros mais experientes, os médicos, os pais, os tios, os avós etc acham que não percebemos nada disto de sermos pais e mães, conseguimos um feito desta natureza.
Do outro lado a preocupação. Isto da febre é uma chatice, mais a mais quando nos últimos meses achávamos que recuperariamos a nossa vida quando o baby dormisse a noite toda, e a pouco e pouco percebemos que esse é apenas o "stage 1".
O baby está com febre e descobrir essa primeira febre de madrugada com o sono assaltado é quase a mesma sensação que estar em frente ao supermercado com n corredores disponíveis, não ter no bolso a lista das compras e não saber como começar.
Porque é que nunca pensei em febre? Porque tinha o Ben-u-ron em casa e achei que seria suficiente. E antes disso? o que fazer? De onde vem a febre? Porque resmunga? Porque está com o lado esquerdo mais quente que o direito.
O Filipe aparece vindo da sua 20º tentativa frustrada da noite de dormir 30 minutos seguidos. (eu pedrada nem os ouvira até então....).

Não sei horas, mas corro a buscar o livro do "Dr.OZ -You raising your child".
É de noite lá fora, e à luz do globo de presença do quarto do Lourenço procuro desenfreadamente a palavra febre. BINGO!
Reajo. Termómetro no rabinho e esperamos.....39,2º Merd.....é melhor experimentar outra vez. Desconfiados da eficácia por ser digital, experimentamos outro...
O Filipe coloca outro termómetro.....esperamos....39,1º.
Corro a buscar o Ben-u-ron procurando não parecer nervosa e encarando a febre de frente! Aconchego-o ao colo e ali fico com ele aninhado até esperar a aprovação do Filipe em levá-lo para a nossa cama.

Antes da cama 2 sms, um para a ita a avisar que o rebento hoje não sai de casa, outro para a psicóloga a desmarcar a consulta! Hoje voltei a ser mãe...

De rastos adormecemos os três...eu sinto uma ligeira vitória por não ter entrado em histerismo e por ter a situação controlada :))




quinta-feira, 1 de março de 2012

Chove chuva....chove sem parar...

chuva...finalmente chuva

Insónia

Dormi até às 05h30h...acordei com o intercomunicador, com o Lourenço a pedir mimo e leite...Confiando na minha semirecuperação ofereci-me ir eu... 1º passo tudo bem, nada de pensamentos estranhos. Com os olhos meio remelosos, arrastei-me ainda desiquilibrada até à cozinha e limitei-me a preparar o biberão. Chegada ao berço e o Lourenço e recebeu-me com um sorriso. Impossível não resistir. 
Entrei então em modo automático e fugi em pensamentos enquanto o baby matava a sede e a fome. Aconcheguei-o bem no meu peito, afagando-lhe a cabeça e dando-lhe muitos beijinhos. No final deixei-me estar ali um bocadinho com ele a dormitar, pensando em como este deveria ser o melhor momento da minha vida....e em como racionalmente sei que o estou a deixar passar. Voltei à realidade, abracei-o sofreguamente até sentir um resmungo e voltei-o a deitar...
O regresso à cama foi para esquecer. Maldita insónia...deixei-me estar de olhos abertos a tentar cantar 
baixinho para dormir e nada....agarrei-me ao Filipe para me sentir aconchegada e nada....lentamente 
veio a angústia que tentei contrariar massagando a barriga....nada...fechei os olhos, desviei a mente para férias e praias e coisas positivas....mas nada...
Tal como manda a música, pensei nos gatos com os bigodes de leite, as gotas de água nas rosas, as 
meninas de vestido branco com os seus lenços de cetim azuis....mas nada. 
Desisti e aí fiquei até o despertador tocar. 7h30
E senti um alívio...
Saltei da cama e corri para o Lourenço como se ali me sentisse segura e deixei-me alimentar com o seu sorriso. 
Fiquei feliz por ser dia. 
Como se percebesse, o Filipe abraçou-nos à saída do banho e aí ficámos os três por uns segundos bons.
Saímos juntos e ao sair bati com a porta fazendo questão que a angústia lá ficasse trancada.